domingo, 13 de abril de 2008

Um combate pela Liberdade


Hoje apeteceu-me escrever sobre Edmundo Pedro que tive o prazer de conhecer o ano passado num jantar tertúlia em Lisboa, onde estive presente a convite de um caríssimo amigo.
Fiquei impressionada com a lucidez dos seus 89 anos e com a vivacidade da sua expressão, de onde se destacam uns olhos, ainda hoje, de "enfant terrible".

Nasceu em 1918, no dia 8 de Novembro, fruto do amor de Margarida e Gabriel Pedro, ambos funcionários do PCP, que por força da sua vida revolucionária cedo o entregaram aos cuidados de uma tia paterna.
Não obstante todos os esforços da tia para que tirasse o curso de engenharia, Edmundo escolheu seguir o exemplo dos pais, fugindo de casa aos 13 anos, quando se alista no PCP iniciando a sua actividade antifacista.
Com apenas 15 anos é preso pela primeira vez, acusado de actividades conspirativas no 18 de Janeiro de 1934.

Dois anos mais tarde, com 17 anos, volta a ser preso e parte juntamente com o seu pai e outros dirigentes do PCP, para "inaugurar" a prisão do Tarrafal de onde várias vezes tentou fugir.
A sua última tentativa frustrada valeu-lhe 70 dias de castigo na "frigideira" e uma desilusão.
O PCP castigou-o com 2 anos de suspensão pois a fuga não tinha sido autorizada, e ninguém podia fugir sem antes informar o partido...
Bate com a porta e sai do partido, sem no entanto deixar de se dedicar ao combate contra o Facismo.

Estes e muitos outros, são os episódios que conta em "Um combate pela Liberdade", o seu primeiro livro de memórias, que ofereci no passado Natal de forma assumidamente calculista, a uma pessoa que me é muito querida e que termino agora de ler.

Membro do Partido Socialista desde o "Verão Quente" de 1974, Edmundo Pedro está hoje envolvido no Movimento Cívico "Não apaguem a memória", que luta para que o sacrifício dos resistentes antifacistas não seja esquecido.

Um dos objectivos do movimento é a criação de um museu na prisão do Tarrafal, a transformação da prisão do Aljube em Museu da Resistência e da Liberdade e a criação do "Roteiro da memória" na cidade de Lisboa.

Em Setembro último, de volta ao Tarrafal, são estas as suas palavras: "Chorávamos pelos que se iam embora e até por nós. Eu via passar os anos, via morrer os meus companheiros. Tive momentos em que chorei, às escondidas do meu pai. Mas é natural que se chore."

Sim, é natural que se chore.

Um grande bem haja, Camarada!

3 comentários:

Anónimo disse...

Soube deste blogue através de um outro que costumo frequentar chamado Aventuras em Portugal.
O proprietário deste último publicou um post que falava do seu blogue, dizendo que conhecendo a menina como conhece, o Capikua seria de leitura obrigatória.
Acho que tem razão.
Parabéns e continue.
"Não a apaguem da memória"...o Capikua.

Saudações.

Anónimo disse...

Há mais alguem para criar um blog? rsrsrs

Ana Gomes da Silva - Capikua disse...

Anónimo 1

Obrigada pelo seu comentário.
É sempre bom saber que alguém gosta daquilo que escrevemos.
Volte sempre!

Anónimo 2

Obrigada pelo seu comentário.
Naturalmente que existirão muitas mais pessoas que criarão "blogues".

Naturalmente que seremos livres de os frequentar ou não.

Volte se lhe apetecer.