quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Feliz Ano 2009!
Feliz ano de 2009!
Um abraço,
Ana Gomes da Silva
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Ao serviço do Barreiro???
Diz a notícia:
"Foram cerca de 1000 barreirenses, trabalhadores de diversas empresas e sectores, reformados e população em geral, que saíram à rua, exigindo melhores salários e reformas, a manutenção de postos de trabalho e a retoma da produção, contra as alterações para pior do Código do Trabalho, pelo emprego, por uma outra política ao serviço do povo e do País."
Não diz a notícia:
Um Feliz Natal para todos !!!
Ana Gomes da Silva
Feliz Natal!!!!
Caros Amigos,
Agradeço a todos os que acompanham este espaço desde a sua criação e aos que o visitam todos os dias.
Desejo a todos um Feliz e Santo Natal, repleto de luz, paz e tolerância.
Um abraço,
Ana Gomes da Silva
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
A greve...
Tenho acompanhado de perto toda a problemática que envolve os professores e o Ministério da Educação.
Naturalmente que tenho opinião sobre a matéria, mas de momento, não é essa a razão deste meu "post".
Queria apenas partilhar e deixar para reflexão uma conversa a que assisti durante esta semana, entre uma avó e o seu neto de 6 anos.
Estando a avó tranquilamente a beber o seu café, eis que chega o neto esbaforido da brincadeira.
Pergunta-lhe então a avó: "Então João, estás pronto a ir para a escola?", "Escola?", respondeu o João.
"Sim, escola", retorquiu a avó com um ar meio confuso.
"Mas avó, eu hoje não vou à escola! Hoje vou fazer como ontem, vou ficar a brincar com os meus amigos, ou não sabes que hoje é dia da greve dos alunos?".
O João tem 6 anos e frequenta o primeiro ano do Ensino Básico.
Ana Gomes da Silva
domingo, 21 de setembro de 2008
Ferrugem a menos...
Tal como tinha prometido, aqui estou de volta para novos comentários sobre o nosso Barreiro e não só.
Nada melhor para recomeçar que um comentário do deputado municipal do PCP Rui Ferrugem no Jornal Rostos, que nos brindou com a sua iluminada opinião sobre o tão comentado caso dos “12 minutos”, ou seja, a candidatura que podia ter sido e não foi.
O digníssimo senhor deputado, por repudiar o facilitismo com que nesta terra se opina por tudo e por nada, na maior parte das vezes não cuidando de se conhecer previamente os assuntos, vem então esclarecer, na qualidade de Deputado Municipal, os cidadãos barreirenses, neste caso em matéria de candidaturas.
Faz então a pergunta sacramental: “Conhecem os barreirenses o conjunto da candidaturas apresentadas durante este mandato sobre os mais variados assuntos?”
Começando pelas candidaturas à Acção Social, mais concretamente ao Programa PARES, Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais, a CMB não teve qualquer participação na elaboração dos dossiers das candidaturas que foram aprovadas pelo governo do Partido Socialista, conferindo ao Barreiro mais seis equipamentos de Creche.
Relativamente à cedência de terrenos para a construção dos equipamentos de creche, cedência essa que considero em alguns casos discutível, a CMB não fez mais do que a sua obrigação, tendo em conta que os terrenos cedidos eram de domínio público, ou seja, de todos os barreirenses.
No que diz respeito à candidatura “Pagar a tempo e horas” em que o Barreiro foi contemplado, o deputado Rui Ferrugem deveria ter dito que foi, mais uma vez, o governo do Partido Socialista que permitiu que essa candidatura fosse possível.
Pelos vistos, o Senhor deputado do PCP, desconhece não só os pormenores processuais, mas a verdade e a essência dos factos.
No que toca à atenção e ao interesse da CMB em concorrer a apoios, convenhamos que não pode a nossa Autarquia ficar apenas por ai, porque a sua obrigação é fazer e não apenas fazer de conta que faz.
A CMB tem a obrigação perante os barreirenses de entregar uma nova candidatura, mas desta vez a tempo e horas!
O Barreiro agradece.
Ana Gomes da Silva
domingo, 31 de agosto de 2008
Para a Semana...
terça-feira, 24 de junho de 2008
Imagens da semana...
Manuela Ferreira Leite, após pressionar Menezes à sua demissão de líder do seu partido, termina o congresso com o mesmo número de representantes eleitos na Comissão Nacional do que o anterior "timoneiro" laranja que tanto criticou pela falta de solidez.
Acresce o facto de não ter maioria no órgão mais importante do Partido.
"Quando podemos começar a colocar em causa a actual direcção?", perguntou Pedro Santana Lopes ao congresso.
Pedro Passos Coelho, sorri com os seus 16 eleitos.
Para grande descontentamento de Portugal e dos largos milhares de emigrantes que tão calorosamente a apoiaram, a Selecção Nacional voltou, infelizmente, a casa.
Sofremos da Síndrome Danoninho, ou seja, falta-nos sempre um bocadinho assim, desta vez um bocadinho ainda maior.
Ponto final.
quarta-feira, 11 de junho de 2008
Homens do jogo...
Nota mais para Cristiano Ronaldo que jogou para a equipa.
Eu acredito !!!!
Muito em breve voltarei à discussão sobre a nossa terra e não só, mas por hoje, perdoem-me o nacionalismo...
domingo, 8 de junho de 2008
É agora !!!!
Perante um país a meio-gás com uma bandeira por prédio em vez de uma bandeira por janela, aos poucos, esta Selecção Nacional acabará por reconquistar a confiança dos portugueses e fazer o País acreditar que É AGORA!!!
Eu acredito.
domingo, 1 de junho de 2008
Volta Luís, estás perdoado...
A ex-ministra das Finanças, rosto de austeridade do governo que integrou, venceu ontem as eleições directas do seu partido com uma vantagem confortável sobre os restantes candidatos.
Esquecida de todas as medidas que levou a cabo no seu mandato, a "Hillary" nacional, declarou em conferência de imprensa estar imbuída de um espírito de esperança e entusiasmo, assumindo-se como a mais feroz defensora da classe média que tanto penalizou.
"A classe média não pode continuar a ser penalizada", afirmou, acrescentando: "O PS confundiu insensatez com tecnocracia e esqueceu a dimensão humana, os problemas das pessoas e das famílias, sem a qual a política se torna intolerável."
"É prioritário enfrentarmos o problema social que existe hoje em Portugal", disse ainda a nova líder, apontando como um dos objectivos mais importantes do seu partido a conquista dos jovens, para que, com o seu dinamismo, possam fortalecer o projecto politico do PSD.
E por falar em jovens...
A Pedro Passos Coelho, "faltou-lhe um bocadinho assim...".
O candidato que sob o lema "O futuro é agora" percorreu todo o país, ficou a 5,9% da nova líder vendo assim adiadas as suas aspirações.
Após os habituais cumprimentos à candidata vencedora afirmou, na sua conferência de imprensa, que será leal e construtivo para o PSD.
Mais directo e acutilante foi Pedro Santana Lopes, que não alcançou melhor do que um terceiro lugar no pódio destas directas.
Apesar de considerar a vitória de Ferreira Leite de uma legitimidade incontestável, declara cessar funções como líder parlamentar, não resistindo a acrescentar, que para além de estar convencido que não seria convidado, não faria qualquer sentido representar uma direcção e uma orientação da qual discorda.
Tão insignificante como o resultado de 0,6% dos votos que alcançou, Patinha Antão coloca a nota final nos discursos rematando de forma brilhante: "Ao PSD não interessa a cor do gato. O que interessa é que cace o rato e o rato é José Sócrates."
Estão explicados os 0,6%.
Vejam só do que Luís Filipe Menezes se livrou...
Mas afinal o homem tinha razão.
Era mesmo incómodo para os barões do PSD, que estão de novo no comando.
Volta, Luís, estás perdoado.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
O preço da modernidade...
A acrescer à construção do Fórum Barreiro, chegam agora as obras do antigo Mercado 1º de Maio, o que significa que teremos de nos habituar a conviver com pequenos incómodos que facilmente serão esquecidos quando estas duas novas estruturas abrirem as portas aos Barreirenses.
Longe da vista dos Barreirenses, foram, no dia a dia, facilmente substituídos pelas pequenas superfícies comerciais do centro da cidade, e aos fins-de-semana pelos hipermercados da zona circundante.
Posso e tenho comprovado este facto como espectadora privilegiada, da janela da minha casa, e ainda presencialmente.
"40 euros por dia, não dá para os gastos", dizia-me outro dia uma das vendedoras...continuava ainda a mesma senhora, "ao fim-de-semana o movimento é maior mas nada que se compare com o antigamente, não sei onde vamos parar".
Que solução tem para esta gente o Executivo do PCP, que consciente desta situação, fez, ainda por cima, subir as taxas que estes pequenos comerciantes são obrigados a pagar?
Com a abertura do Fórum Barreiro, ironicamente a inicial localização do novo Mercado 1º de Maio, prevista para daqui a poucos meses, estes comerciantes ficarão não só longe da vista, como cada vez mais longe da bolsa dos Barreirenses.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
A falácia da participação...
O tema da futura localização da Estátua Alfredo da Silva foi, como se esperava, um dos temas centrais da última Assembleia Municipal extraordinária.
As posições das diferentes forças partidárias, foram, naturalmente, diferentes e em alguns dos casos surpreendentes.
Entre a defesa pelo PSD que a Estátua deveria ser mantida no mesmo local, embora fora do seu actual conjunto arquitectónico e a indiferença do BE face à matéria que diz "nim", escondendo-se atrás da proposta de realização de um inquérito à população, o PS defendeu que o referido monumento deverá ser mantido no mesmo local e que, a ser retirado, que sejam ouvidos os Barreirenses com recurso a um referendo.
Esta proposta do PS foi reprovada com os votos contra do PCP e as abstenções das duas outras forças politicas, negando assim aos Barreirenses o direito que o estado democrático em que supostamente vivemos lhes confere, ou seja, o direito a terem "voto na matéria".
A reflexão importante, é, na minha opinião, tentarmos perceber qual o conceito de democracia participativa do PCP, que conduz ao lema do actual mandato: "Barreiro, Cidade da Participação."
Se o PCP defende Democracia Participativa como o regime que confere aos cidadãos, neste caso aos Barreirenses, o direito a participar na vida da sua cidade para além do mero exercício do voto, há ainda um longo caminho a percorrer...
Participar não se resume, como tem sido feito até agora através das Opções Participadas, ao simples acto de informar criando nos Barreirenses a ilusão de uma efectiva proximidade, mas sim a uma verdadeira interacção entre o poder legitimamente eleito e os cidadãos.
A Discussão Pública do Centro da Cidade realizada no passado dia 8 de Fevereiro, não passou de uma sessão de informação seleccionada, que deixou, para além de muitas questões por responder, a sensação aos cidadãos mais atentos que estão a participar numa questão que, afinal, já está há muito mais do que decidida.
Relativamente à Estátua Alfredo da Silva, a posição do Executivo Camarário de remover o monumento para o "Largo das Obras" ou para o interior da Quimiparque, é desde há muito amplamente conhecida.
É certo que todos nós, tal como o Senhor Presidente da Câmara, Carlos Humberto, que também considero um cidadão íntegro e honesto, queremos o melhor para a nossa cidade.
Mas não podemos ignorar, sem qualquer toque de saudosismo, que o melhor da nossa cidade são também as suas referências e as suas memórias, não devendo por isso ser excluídas de qualquer projecto simplesmente em nome da modernidade.
Por mim, como cidadã do Barreiro, discordo frontalmente do Vereador Joaquim Matias.
Não considero que a Estátua, por si só, seja "um obstáculo para uma praça ampla, com espaços comerciais e esplanadas".
Penso que a Estátua, como sempre lhe chamei, tem e deve ter um lugar nessa praça, sob a pena de cairmos no esquecimento, e, no meio da leitura de um jornal, confortavelmente instalados numa das futuras esplanadas, podermos pensar que estamos em Barcelona ou no meio de outra cidade qualquer.
Não se esqueça, Senhor Vereador, que são os projectos que se adaptam às cidades e às suas referências, a não ser que intencionalmente as queiramos apagar, mas isso já é outra história...
É apenas a minha opinião...
A de grande parte dos Barreirenses, infelizmente, nunca chegaremos a conhecer...
segunda-feira, 12 de maio de 2008
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Humberto Delgado, o General sem medo...
A obra resulta de sete anos de investigação e reúne nas suas 1300 páginas, a vida do homem que protagonizou o sonho de tantos portugueses de derrubar o regime da ditadura em Portugal, sendo, nesta conjuntura, candidato às eleições democráticas de 1958.
Os seus discursos constituíram verdadeiros desafios ao regime e às forças policiais, e a sua campanha eleitoral foi marcada por grandes comícios de norte a sul do país, tendo os seus apoiantes sido vítimas de numerosas perseguições e intimidações.
É assasinado em Badajoz no dia 13 Fevereiro de 1965, vítima de uma cilada montada pela PIDE.
O regime nunca reconheceu as responsabilidades deste crime e "montou" a mais grotesca farsa judicial de todos os tempos.
"O General Humberto Delgado não foi assassinado com um único tiro de pistola, como foi difundido na época. Relatórios de autópsia devidamente reconhecidos provam que a sua morte resultou de um espancamento bárbaro", refere, indignado , Frederico Delgado Rosa.
Célebre pela frase "Obviamente, demito-o", Humberto Delgado é um símbolo da história do Portugal Contemporâneo renascendo neste livro que, num tom apaixonado, narra factos intimistas, até hoje vedados aos jornalistas.
Uma obra a não perder...
terça-feira, 6 de maio de 2008
segunda-feira, 5 de maio de 2008
domingo, 4 de maio de 2008
Dia da Mãe...
terça-feira, 29 de abril de 2008
Obrigada, Charlie 8...
Agradeço também às senhoras que tão prontamente nos brindaram com os seus testemunhos, transmitindo-nos a visão do seu "Abril".
Ilustro este agradecimento com a imagem do Capitão Salgueiro Maia, na operação 25 de Abril com o nome de código de Charlie 8, que permanecerá na nossa memória como o grande rosto da Liberdade...
Obrigada, Charlie 8.
Brevemente, voltaremos ao tema da Liberdade...
Ana G. Rocha
sexta-feira, 25 de abril de 2008
Nesse dia a escola foi só um bocadinho e eu fartei-me de brincar.
A minha avó foi buscar-me mas parecia preocupada. Estava ansiosa que os meus pais chegassem a casa. Achei que ainda era cedo mas não disse nada.
Na televisão viam-se muitos soldados mas não havia guerra.
O meu pai foi o primeiro a chegar e vinha muito contente. Fingi que não o tinha visto a chorar pois tive medo que ficasse envergonhado.
Sentou-me ao colo dele e ficámos a ver os soldados sem guerra na televisão.
A minha mãe chegou mais tarde.
Também ela vinha muito contente e trazia na mão um molho de flores vermelhas, que eu não me lembro de ter visto antes, mas que disse chamarem-se cravos.
Os meus pais abraçaram-se e choraram, mas não estavam tristes.
A minha mãe falava muito e contava o que tinha visto.
Acho que era sobre aqueles soldados sem guerra, num sítio qualquer chamado Carmo.
Não percebi nada e achei que, naquele dia, os adultos todos se comportaram de uma forma muito estranha.
A minha mãe trouxe-me cerejas dentro de um pacote de papel castanho com risquinhas vermelhas, que eu comi em frente à televisão.
Eu adoro cerejas.
Fomos muitas vezes à varanda da nossa casa, com vista para a Avenida Alfredo da Silva, para vermos as pessoas que passavam na rua.
Eram cada vez mais e estavam tão felizes como eu quando como cerejas.
Nunca tinha visto tantas pessoas felizes juntas.
Também ouve outra coisa que gostei.
O meu pai pediu-me ajuda para fazer um "V" com as flores vermelhas que a minha mãe tinha trazido, os cravos.
Pendurámos o "V" na varanda para que todas as pessoas pudessem ver.
Ficou muito bonito. O meu pai disse que era um "V" de vitória.
Mais uma vez não percebi nada mas não quis estragar a festa com a minha ignorância.
Gostei muito do dia 25 de Abril de 1974.
Mas o que mais gostei foi das cerejas e das flores vermelhas, os cravos...
Ana Gomes Rocha
Viva a LIBERDADE!
quinta-feira, 24 de abril de 2008
O meu 25 de Abril, por Isana
Na manhã de 25 de Abril de 1974, mais uma vez, a rotina cumpriu-se.
Mais um dia de trabalho.
Quando cheguei ao barco, as conversas eram no entanto diferentes.
Falava-se que tinha havido "alguma coisa" em Lisboa.
Na rádio, algumas notícias curtas e imprecisas e música diferente.
À chegada, em vez do caminho habitual pela Praça do Comércio, fomos encaminhados para o "Campo das Cebolas" e os que tinham como destino o Rossio, tiveram que fazer o trajecto pela Rua da Madalena.
Com um sentimento de apreensão crescente, dirigi-me rapidamente para o emprego.
Durante a manhã, fomos percebendo que era uma Revolução.
O medo, naquela época um sentimento tão normal, dissipou-se e deu lugar ao nervosismo, à curiosidade.
Depois, uma alegria imensa, quando tive a noção que os militares estavam do nosso lado.
Do lado dos oprimidos, dos explorados, dos amordaçados...
Deixei o emprego e dirigi-me ao Largo do Carmo.
Vivi Abril com toda a alegria!
Vivi a Liberdade, que me encheu o peito e me lavou a alma!
Vivi e saboreei, o momento que pensei ser impossível e que hoje recordo com eterna saudade.
Viva a Liberdade!
Viva o 25 de Abril!
Isana
tendo-se mantido fiel aos seus princípios ideológicos.
Aprendi e aprendo com ela tudo o que sou.
terça-feira, 22 de abril de 2008
O meu 25 de Abril, por Conceição Banza
Para mim, 25 de Abril de 1974 foi, em simultâneo, um dia feliz e desagradável.
Eu desempenhava as minhas funções profissionais no Centro Social Médico-Educativo Nº1, no Alfeite. Nesse dia cheguei cerca das sete horas da manhã e, inesperadamente, fui confrontada com a proibição de entrar nas instalações. Aliás, como todo o pessoal civil.
Desconheço se a Base Naval do Alfeite sabia o que se estava a passar e se alinhava ou não no golpe militar.
Sei é isto:eu não tinha a mínima ideia de que em Lisboa havia militares na rua.
Entretanto, como fora de boleia, já não tinha transporte para regressar a casa.Valeu-me a solidariedade de uma colega que me acolheu em sua casa, a poucos metros do Portão Verde (por aqui entrava o pessoal da Base, onde - talvez estranhamente - nunca cheguei a ir!).
Começou assim um dia muito longo e enervante, ouvindo as notícias do então Rádio Clube Português e sem hipótese de ligações rápidas e precisas com quem quer que fosse, pois telemóveis e afins ainda não tinham feito a sua aparição.
Ainda tenho nos olhos os aviões a sobrevoar a zona e os tanques a passarem, sem nós sabermos muito bem qual seria o desfecho. A incerteza era aumentada pelo facto de a saída de tropas das Caldas da Raínha, pouco tempo antes, ter fracassado rotundamente.
Para complicar ainda mais a situação , a minha colega estava em fim da segunda gravidez e o filho mais velho , naturalmente excitado com todo o alvoroço e talvez contagiado pelo nosso próprio nervosismo, parecia ter entrado em ebulição, sem intervalar disparates atrás de disparates.
A certa altura, a mãe perdeu por completo a paciência e deu-lhes umas valentes palmadas.
Eu só pensava que, no meio de todo aquele desatino, ainda teria que servir de parteira, coisa assustadora ainda hoje.
Quando, por fim, regressei a casa , tive , então, a imensa alegria de saber do golpe efectuado pelos capitâes do Movimento das Forças Armadas e do fim da ditadura que nos esmagou durante décadas.
Aqui rendo homenagem , na pessoa de Salgueiro Maia, a todos os militares que derrubaram um regime vergonhoso que, além do mais, mantinha uma guerra colonial sem sentido.
Quero prestar também a todas as pessoas que se opuseram a Salazar e Caetano, algumas perdendo mesmo a vida nessa luta.
Lamentavelmente, a Democracia tem permitido muitos abusos e está manchada pela corrupção.
Mas, apesar dos pesares, é infinitamente melhor do que a Ditadura!
ABRIL, SEMPRE!!
Em resposta...
Começo por agradecer o seu comentário ao post "Dois exemplos de coragem" e, naturalmente, dar-lhe as boas vindas a este blogue.
Importa que saiba que tenho uma admiração profunda pela Conceição Matos.
Considero-a um ser humano ímpar, que elevou a coragem e a dignidade humana ao seu mais alto expoente.
São os exemplos de todos que como ela, independentemente da sua ideologia política, lutaram pela soberania do nosso povo, que devemos não só reter na memória mas também transmitir às gerações vindouras.
Quanto à questão do rigor, permita-me que discorde da sua opinião, na medida em que foi esse rigor que me impôs clarificar as situações dos digníssimos Edmundo Pedro e Sottomayor Cardia que refere no seu post.
Pareceu-me redundante fazê-lo nos outros dois casos tendo em conta que mantiveram o seu percurso ideológico.
Em nome desse mesmo rigor, deixe-me lembrar-lhe o nome de um dos maiores livre pensadores da nossa história, com um pequeno extracto da sua biografia, que passo a transcrever:
"Passou como muitos outros intelectuais, pela cadeia do Aljube, durante o regime do Estado Novo, dando ali entrada no início de Dezembro de 1939.
A tarimba que lhe servia de cama era apenas provida de um exergão sebento, duro como pedra.
Sentado na tarimba, os joelhos roçavam as paredes, tudo isto na penumbra.."
Este homem chamava-se MIGUEL TORGA e nunca se filiou em nenhum partido politico.
Dizia muitas vezes: "O meu partido é o mapa de Portugal."
Também ele merece a nossa homenagem.
Todos estes homens e mulheres que se insurgiram contra o jugo da ditadura que tantos anos pesou sobre o nosso país, merecem, sem excepção, a nossa homenagem, respeito e admiração.
É a todos eles que devemos a LIBERDADE...
Cumprimentos
Ana Rocha
Dois exemplos de coragem...
Coragem hoje, Abraços amanhã…
Conceição Matos nasceu em 1936
Muda-se para o Barreiro com apenas 3 anos de idade, para uma “barraca de madeira” no Bairro das Palmeiras, que partilhava com os pais e irmãos.
Inicia a sua intervenção política pela mão de seu irmão no MUD-Juvenil mas é na década de 50, após conhecer Domingos Abrantes com quem viria a casar, que ingressa no PCP.
É detida no dia 21 de Abril de 1965, sendo vítima da mais cruel e humilhante tortura jamais praticada pela PIDE.
Disseram-lhe então: "Daqui só sai para a morgue ou para o Júlio de Matos. Não sai daqui ninguém sem confessar tudo".
Ao terceiro dia do interrogatório, ininterrupto, Conceição começou a sofrer alucinações – “Via bichos nas paredes e estas moviam-se”.
Não controlava as gargalhadas quando algum dos agentes lhe dirigia a palavra.
Três dias depois, bastante debilitada, Conceição estava de volta ao edifício da António Maria Cardoso, para desta vez sofrer um dos momentos mais atrozes e humilhantes da sua detenção encabeçado pela Agente Madalena.
“Então vamos começar com o espectáculo." Abriu a porta, deixou entrar uma dezena de homens, entre agentes e inspectores da PIDE, e começou a despi-la. "Fala ou não, sua puta?!", gritou-lhe. Conceição ficou nua.
Tentaram mantê-la de pé, vestiram-na e mandaram entrar um "pide" que trazia consigo uma máquina fotográfica. "Julguei que ia morrer ali...".
Diz Conceição:"Quem vê aquele processo sabe que eu nunca falei à polícia.”
Foi em Caxias que primeiro lhe elogiaram a coragem.
“Eu disse o meu nome e quiseram saber se eu já tinha sido interrogada”. Respondi que sim e perguntaram "falaste?", "não" e eles responderam “coragem hoje, abraços amanhã".
Quando aconteceu a Revolução dos Cravos Conceição Matos estava em Paris, e Domingos Abrantes em Bruxelas.
Regressaram de imediato a Portugal.
”Só é livre, o homem que liberta.”
Mário Augusto Sottomayor Leal Cardia nasceu em Matosinhos a 19 de Maio de 1941.
Cedo se envolveu na política, o que lhe valeu a primeira expulsão de um liceu no Porto.
Em 1959, depois de participar na campanha eleitoral do general Humberto Delgado, ingressa na Universidade de Lisboa, onde se forma em Filosofia pela Faculdade de Letras.
Era um conhecido contestatário do regime de Salazar entre o meio estudantil, chegando mesmo a ser expulso de todas as universidades de Lisboa devido à sua insistente oposição à ditadura.
Aderiu entretanto ao PCP e é candidato a deputado, primeiro pelo Movimento de Oposição Democrática, em 1965, e depois pela CDE (Comissão Democrática Eleitoral) em 1969.
Ainda nesse período, trabalhou na revista “Seara Nova”, onde é chefe de redacção entre 1968 e 1972.
Registado como “politicamente suspeito”, todas as suas tentativas de editar livros acabaram em apreensões sendo os seus textos publicados na Seara Nova passados à lupa pela censura.
O seu rigor várias vezes o conduziu a atitudes de puro estoicismo que, num regime repressivo como foi o do Estado Novo, resultaram em cenas de pancadaria às mãos da PIDE.
Foi preso por diversas vezes.
Numa das suas prisões, foi barbaramente torturado, sofrendo uma ruptura da retina que o cega durante dois meses e da qual nunca viria a recuperar.
Em 1971 abandona o PCP, saindo em divergência com Álvaro Cunhal, e tornando-se militante do Partido Socialista, desde a sua fundação, tendo colaborado na redacção do programa eleitoral do PS.
Foi um antifascista e um lutador pela democracia, um reconhecido exemplo de coragem moral e física.
Ficou célebre a sua frase publicada no jornal estudantil Quadrante: “Só é livre, o homem que liberta.”
Viria em
Faleceu no dia 17 de Novembro de 2006, com 65 anos, vítima de doença prolongada.
Fontes: Jornal “O Público”,Jornal “Diário de Notícias”,Centro de Documentação 25 de Abril – Universidade de Coimbra.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
Um outro Herói...
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Menina dos olhos tristes...
Menina dos olhos tristes
o que tanto a faz chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Vamos senhor pensativo
olhe o cachimbo a apagar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Senhora de olhos cansados
porque fatiga o tear
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
Anda bem triste um amigo
uma carta o fez chorar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar
A lua que é viajante
é que nos pode informar
o soldadinho já volta
está mesmo quase a chegar
Vem numa caixa de pinho
do outro lado do mar
desta vez o soldadinho
nunca mais se faz ao mar
José Afonso
quarta-feira, 16 de abril de 2008
O nosso Fado...
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não..."
Manuel Alegre
Festa da Liberdade
Decidi dedicar os próximos 9 dias deste espaço a comemorar a efeméride que libertou Portugal das grilhetas do silêncio, dando voz a todos nós...
Declaro abertas as festividades...
"...Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.
Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena..."
José Carlos Ary dos Santos
domingo, 13 de abril de 2008
Um combate pela Liberdade
Fiquei impressionada com a lucidez dos seus 89 anos e com a vivacidade da sua expressão, de onde se destacam uns olhos, ainda hoje, de "enfant terrible".
Nasceu em 1918, no dia 8 de Novembro, fruto do amor de Margarida e Gabriel Pedro, ambos funcionários do PCP, que por força da sua vida revolucionária cedo o entregaram aos cuidados de uma tia paterna.
Não obstante todos os esforços da tia para que tirasse o curso de engenharia, Edmundo escolheu seguir o exemplo dos pais, fugindo de casa aos 13 anos, quando se alista no PCP iniciando a sua actividade antifacista.
Com apenas 15 anos é preso pela primeira vez, acusado de actividades conspirativas no 18 de Janeiro de 1934.
Dois anos mais tarde, com 17 anos, volta a ser preso e parte juntamente com o seu pai e outros dirigentes do PCP, para "inaugurar" a prisão do Tarrafal de onde várias vezes tentou fugir.
A sua última tentativa frustrada valeu-lhe 70 dias de castigo na "frigideira" e uma desilusão.
O PCP castigou-o com 2 anos de suspensão pois a fuga não tinha sido autorizada, e ninguém podia fugir sem antes informar o partido...
Bate com a porta e sai do partido, sem no entanto deixar de se dedicar ao combate contra o Facismo.
Estes e muitos outros, são os episódios que conta em "Um combate pela Liberdade", o seu primeiro livro de memórias, que ofereci no passado Natal de forma assumidamente calculista, a uma pessoa que me é muito querida e que termino agora de ler.
Membro do Partido Socialista desde o "Verão Quente" de 1974, Edmundo Pedro está hoje envolvido no Movimento Cívico "Não apaguem a memória", que luta para que o sacrifício dos resistentes antifacistas não seja esquecido.
Um dos objectivos do movimento é a criação de um museu na prisão do Tarrafal, a transformação da prisão do Aljube em Museu da Resistência e da Liberdade e a criação do "Roteiro da memória" na cidade de Lisboa.
Em Setembro último, de volta ao Tarrafal, são estas as suas palavras: "Chorávamos pelos que se iam embora e até por nós. Eu via passar os anos, via morrer os meus companheiros. Tive momentos em que chorei, às escondidas do meu pai. Mas é natural que se chore."
Sim, é natural que se chore.
Um grande bem haja, Camarada!
sábado, 12 de abril de 2008
Eu sei que tu sabes que eu sei...
Questionava também esta minha amiga, se a estratégia deste recém-eleito órgão seria a de "colocar os interesses do nosso Barreiro em primeiro lugar", referindo mais à frente no mesmo documento, "que a população gostaria de saber o que seriamos capazes de fazer pelo Barreiro".
Quanto ao Partido Socialista, os Barreirenses têm memória e sabem, seguramente, que sempre colocámos os interesses da nossa cidade em primeiro lugar, o que fizemos e seremos capazes de fazer pelo Barreiro.
Um olhar atento pela cidade permite aliás, com facilidade, reconhecer as bases de desenvolvimento deixadas pelo mandato autárquico do PS, e numa lógica de região, será impossível sermos alheios aos investimentos estratégicos do Governo Socialista que em breve serão uma realidade por todo o distrito de Setúbal.
Entre outras afinidades, num ponto concordo com a minha amiga Rogélia...
Somos ambas democratas e sabemos resistir e perdoar.
Quase me apetece dizer "Eu sei que tu sabes que eu sei..."
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Colher de chá...
No entanto, tal como para tudo na vida existem regras, e vejo-me obrigada a clarificar o óbvio e perder tempo a enviar um recado para os(as) mais desatentos(as) :
Tendo em conta que todos os comentários são moderados, não serão publicados quaisquer tipo de "contributos" considerados ofensivos quer aos "posts" aqui publicados quer às pessoas que os comentem.
Relativamente à senhora que teve o privilégio de ter sido a primeira a quebrar esta regra, aconselho-a vivamente a desenvolver um argumentário diferente, pois o recurso repetido ao tipo de linguagem que utilizou, apenas poderá ser espelho da limitação da sua inteligência.
Não resisto a terminar com uma frase uma vez utilizada por um amigo em situação semelhante:
"Poupem-se a trabalhos estúpidos e dessa forma poupar-me-ão a trabalhos inúteis."
segunda-feira, 7 de abril de 2008
O milagre de “Parar o vento com as mãos”
Após ter assistido aos depoimentos do Senhor Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Carlos Humberto, confesso que algumas dúvidas me assaltaram sobre a tomada de posição do PCP sobre a 3ª Travessia do Tejo.
Quem gritou mais alto quando foi inviabilizada esta opção Barreiro/Chelas a favor da construção da actual Ponte Vasco da Gama?
Hoje em dia, parece que tudo mudou e em vez de se conseguir o milagre de “parar o vento com as mãos” e ver o Barreiro crescer ao doce sabor da planície alentejana, assistimos a um fervilhar de ideias, à urgência do desenvolvimento que se negou a esta cidade durante quase 30 anos.
Acredita-se na independência do estudo do LNEC e afirma-se que este instituto dificilmente poderia ter outra opção que não o eixo Barreiro/Chelas.
Defende-se com fervor uma ponte rodo ferroviária com o argumento que ajudará a consolidar uma cidade região, plena de desenvolvimento.
Imagine-se que até se querem projectos para recuperar o passado industrial do Barreiro, com a utilização dos terrenos da antiga CUF e sonha-se com um novo complexo industrial com forte recurso às novas tecnologias.
(Será que é agora que se tira da gaveta mais um projecto com a marca socialista como a Cidade do Cinema?)
Congratulo-me com o facto do futuro desta cidade ter dependido de uma decisão do Governo do Partido Socialista.
Ganhamos todos.
Todos, menos os que apanham a boleia e nada mais fizeram pelo Barreiro senão durante anos a fio, miraculosamente, “parar o vento com as mãos”.
sexta-feira, 4 de abril de 2008
quinta-feira, 3 de abril de 2008
O Barreiro MARCA !!!!
Não poderia existir dia mais propicio ao início deste blog senão o dia em que é formalmente anunciada a decisão da construção da 3ª travessia do Tejo entre Barreiro e Chelas, decisão que se reveste de uma importância vital para o desenvolvimento da nossa cidade, do distrito de Setúbal e de Portugal.
Esta decisão, em conjunto com toda uma outra série de investimentos onde se incluem a plataforma logística do Poceirão, os investimentos que serão feitos na Portucel e na plataforma industrial de Sines e ainda a construção do novo Aeroporto Internacional, vem finalmente retirar ao distrito de Setúbal os seus ónus negativos e torná-lo o real motor de desenvolvimento do país.
Está de parabéns o Governo do PARTIDO SOCIALISTA!
Estão de parabéns os Barreirenses!
Está de parabéns Portugal!